
Existem infinitas formas criativas para disfarçarmos nossos erros. Minha teoria é que as pessoas fazem coisas extraordinárias para fingirem que não cometem erros. Justificamos nossas falhas com doenças, imprevistos e até Karmas, esperando sermos perdoados. Depois saímos acreditando que conseguimos convencer com aquela “mentirinha”, na esperança de que nosso carisma tenha sido suficiente para nos livrar do desconforto.
Acredito que exista uma pequena “celebridade” em todos nós. A celebridade é sempre perfeita e infalível, acima de repreensões e suspeitas. Ela não ousaria fazer algo errado, isso é ser falível. Significaria que você pode cometer erros. Celebridades não cometem erros.
Infelizmente, ficamos cegos ao fato de que erros são ocorrências naturais. São produto da consequência do fluxo natural da vida. Podem não ser atraentes ou agradáveis, mas são tão naturais quanto os acertos. São autênticos. Quando a celebridade que existe dentro de nós se recusa a reconhecer as consequências naturais e normais de nossos atos na vida, recorremos a joguinhos e mentiras.
Mentiras que normalmente deixam as pessoas bastante zangadas. Por que é que você está zangado comigo? Eu não tenho culpa! E aí eu ficava zangado com quem estava zangado comigo, porque eu não tinha responsabilidade sobre as “circunstâncias” da vida. Isso era na verdade, uma versão disfarçada da ideologia de que eu era uma celebridade, uma vítima das circunstâncias da vida: meus pais, meu chefe, meu marido, as pessoas cujo do serviço eu dependia, todos estavam fazendo alguma maldade comigo. Enquanto me sentia vítima do que estavam fazendo comigo, não precisava assumir o que eu estava fazendo comigo mesmo ou com quem quer que fosse.
Esse comportamento era produto do medo da desaprovação, alimentado pelo medo de não ser aceito, misturado com o medo de não fazer uma coisa direito, embebido na crença de que eu não era bom o bastante. Por cima de tudo isso vinha a bombástica “celebridade que nada faz de errado” que habitava dentro de mim. Sensação: Eu me sentia desprezível. Realidade: Eu apenas não era autêntico.
Para sermos autênticos, precisamos estar dispostos a reconhecer e aceitar as consequências do que pensamos, fazemos e dizemos nesta vida. A autenticidade também exige que você fique em contato com seus sentimentos. Você não deve negar o que sente, não deve controlar. Aprenda a descrever e a comunicar o que está sentindo, quando estiver sentindo, em primeiro lugar para você. Comunique aos outros apenas à medida que for necessário. Da mesma forma como não gostamos de errar, há certas coisas que não gostamos de sentir, sobretudo quando o sentimento nos traz desconforto.
Porém, são os erros que nos permitem saber que ainda podemos ser melhores e são os sentimentos que nos tornam autênticos e diferentes de todo o mundo, porque são frutos de nossa personalidade. Se você quer viver uma vida autêntica, livre das exigências da celebridade que habita dentro de você, precisa permitir-se sentir. Um outro aspecto importante da autenticidade é a disposição para dizer sempre a verdade.
Quando você errar, não culpe outra pessoa, admita e simplesmente peça desculpa! Quando sentir dor, não diga que está tudo bem. Admita a sua dor. Admita o seu medo, a sua raiva, a sua insegurança. Admita tudo o que você criar, interna e externamente. Admita cada emoção como uma parte de você! Quando você admite o que sente, tem poder para fazer uma escolha consciente para mudar esse sentimento. Quando você comunica a outras pessoas o que sente, tem poder para criar e definir limites.
A autenticidade exige que não haja comparações. Você não pode se comparar ou comparar o que você faz com mais ninguém. Você é você! Você representa uma parte verdadeira e original dos seus ancestrais. Não existe ninguém igual a você. Isto é tão verdadeiro que, se você se comparar aos outros e governar seus atos pelos atos dos outros, você se perderá.
Finalmente, e mais importante, a autenticidade significa que você deve expressar sua vida ao seu modo e deve permitir o mesmo a todas as outras pessoas. Houve um tempo em que eu queria ser igual a algumas Mestres da minha Tradição de Tarólogos. Eu tentava copiar seus estilos, reproduzir técnicas, usar conselhos parecidos. Quase fiquei louco! Agora, eu simplesmente faço o que faço. É claro que busco me aperfeiçoar. Admiro o trabalho de algumas pessoas, mas leio Tarot à minha maneira. Decoro a sala de atendimento a minha maneira. Visto-me à minha maneira. Se a vida nos fez tão únicos, é uma pena ficarmos imitando os outros. Quando cada um de nós admitir os próprios erros e se permitir ser o que é, poderemos nos divertir, apoiar, educar, curar e aprender uns com os outros. Quando admitimos nossos próprios erros, estamos trabalhando a favor da eliminação do preconceito, da opressão e do ódio. Quanto mais mentirinhas dizemos, mais regras precisamos seguir. Quanto mais regras existem, menos oportunidades temos de ser nós mesmos. A criatividade precisa da autenticidade. Sem ela, a Sabedoria que existe dentro de cada um de nós não pode ser verdadeiramente reconhecida e reverenciada. Consequentemente, o sucesso não passa de uma ideia utópica que apenas as celebridades alcançam!
Beijokas Iluminadas.
#RotaStudio
Sábias palavras. Grande parte do nosso sofrimento é fruto de uma educação autoritária e patriarcal. Temos de ter consciência e procurar mudar, embora não seja fácil.
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