A Deusa da Lua cujo culto foi mais disseminado na Antiguidade foi Isthar da Babilônia. Ishtar é a Deusa dos acádios (pessoas que residiam na região da baixa Mesopotâmia) herança dos seus antecessores sumérios (civilização muitas vezes considerada como a mais antiga já conhecida, tendo seu início a 4 milênios a.c) cognata da Deusa Isis dos egipcios, Inanna dos sumérios e da Astarte dos Gregos, além de Easter na mitologia nórdica e de outros nomes.
Ela é a antiga divindade que representava a fertilidade, suas histórias são derivadas das histórias de Inanna da Suméria, mas seu culto floresceu na Babilônia dos Assírios, quando Ishtar era a principal divindade e se expandiu por quase toda a Ásia. Ishtar era importante como uma Deusa mãe, Deusa da terra, Deusa do amor e da guerra. Nas antigas religiões do oriente médio e posteriormente na Grécia, Roma e no oeste da Ásia, Ishtar é o grande símbolo da fertilidade da terra. Ela é adorada sob vários nomes como vimos anteriormente.
Ishtar é a personificação da força da natureza que tanto dá quanto tira a vida. É a Deusa da fertilidade que doa o poder de reprodução e crescimento aos campos e para todos os animais, inclusive para nós seres humanos. Tornou-se Deusa do amor sexual (por ser uma Deusa da fertilidade) protetora das prostitutas e do parto. Ela é a própria lua, rainha das estrelas e do céu. Como a figura de Mãe terrível, Deusa das tempestades e da guerra, era também a provedora de sonhos e presságios, da revelação e compreensão das coisas que estão escondidas, além de Deusa da magia.
Ishtar governa os ciclos da lua, meses do ano e ainda a fertilidade da terra, sendo assim tudo o que nasce é considerado como sua cria. Seu filho Tamuz era considerado a vegetação de toda a terra. O mito diz que ao crescer e obter virilidade ele se torna seu amante, entretanto, ano após ano, ela o condena à morte. Na época do solstício de inverno, ele morre e vai para o submundo. Para logo depois, simbolicamente ressurgir para mais um ciclo de morte e renascimento, salvo pela descida dela ao submundo, restaurando a vida de Tamuz. O mito da descida ao submundo representa a época do ano quando os suprimentos de comida estão em seu ponto mais crítico, no final do inverno. A sua morte representa o término da comida que havia sido guardada e a sua ressurreição representa a promessa da nova colheita.
A fertilidade dos campos e o mistério que envolve as colheitas anuais, se reflete no ritual, onde a fertilidade feminina é adorada. A fertilidade é um mistério e então as mulheres passam a representar o papel de portadoras deste mistério. Uma das consequências desta adoração é a adoção de rituais ligados ao sexo. Heródoto descreve sobre as práticas da prostituição sagrada na antiga Babilônia, onde a fertilidade é um mistério e ao mesmo tempo uma obrigação “O costume babilônico mais sujo é o que compele toda mulher da terra, ao menos uma vez na sua vida, se sentar no templo de Mylitta e ter relações com algum estranho.” (Mylitta era o nome Assírio para Afrodite). Mas a intenção desses ritos não era “suja” e sim religiosa, não só escravas eram compelidas a deitar-se com homens desconhecidos, mas também as filhas dos mais nobres e quando recebiam dinheiro este era considerado sagrado e nenhuma mulher o recusava, não era um suborno e sim uma troca sagrada em nome da Deusa.
As mulheres eram o intermédio entre a divindade e a humanidade e era costume que moças servissem de prostitutas sagradas por longos períodos e depois fossem dadas ao casamento e ao contrário do que se pensa, ninguém as desdenhava.
Por dois dias, ao final do mês de maio, os romanos celebravam a Festa da Rainha do Submundo, uma celebração em honra as deusas do submundo Hécate, Cibele e Ishtar. Durante as noites de lua cheia, alegres celebrações aconteciam em seus templos. Nestes ritos as mulheres eram sacerdotisas e em seus templos recebiam amantes para expressar a sexualidade como um dom sagrado de Ishtar. Estes ritos permitiam aos humanos que comungassem com a Deusa.
Apesar de Isthar ser conhecida no Oriente Médio como a Deusa do amor, ela era conhecida também por sua ferocidade nas batalhas e na proteção de seus seguidores. Quando neste aspecto, Isthar conduzia uma carruagem puxada por sete leões ou sentava-se num trono ornado com leões, portando um cetro de serpente duplo e ladeada por dragões.
Salvas a Ishtar!
Imagem: Digital Art by Roberto Ferri.